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O meu nome é Inês Faro e tenho quinze anos. Hoje aconteceram muitas coisas interessantes. Como todos os dias. A minha avó fez anos. Setenta e três, quem diria... Dei-lhe os parabéns e até me senti feliz ao fazê-lo, mas depois, uma solidão incompreensível atingiu-me. Acho que é o medo de ver os anos passar. Com a idade que tenho, não me importo com isso, aliás, até me sinto bem por ser mais velha. Mas com uma idade mais avançada, parece que a morte aproxima-se a passos largos. Admito, tenho medo de muitas coisas e frequentemente chamam-me paranóica. Detesto espelhos, especialmente à noite. Sinto-me intimidada e chego ao ponto de me mudar de quarto ou ter de o virar ao contrário. Mas continuando... recebi mais um livro. Digo mais um pois recebo bastantes mas quase não leio nenhum. Não é que não tenha interesse, não, apenas gosto de ter os pés bem assentes na terra. Os livros fazem-nos sonhar, chegar a patamares que nunca vamos conseguir alcançar, e sonhamos nos sonhos dos outros, de personagens que podem ou não existir. Pode ser injusto para quem lê muito, mas todos temos direito à nossa opinião. O meu pai vem-me buscar. Vou ficar uma semana com ele. Sim, os meus pais estão separados e eu tenho de andar de semana a semana com um e com outro. Especialmente nas férias. Sou feliz, acho que posso dizer isso mesmo sem ainda ter conhecido a felicidade.
Quero ser jornalista, ou então arqueóloga, ou então arquitecta. Eu sei, profissões um pouco distintas mas eu sou um pouco indecisa. Se pudesse escolher uma palavra para me definir talvez escolhesse: indecifrável.
Em questões amorosas sou um desastre. Até me dou bem com os rapazes mas eles gostam mais de ser meus amigos do que propriamente um grau mais avançado. Acho que ainda não encontrei o rapaz ideal mas ele deve andar por aí algures... tenho a certeza.
Bem, esta é a primeira edição da reportagem da minha vida.

"Todos nós somos uma personagem. A história que contamos nem sempre é a mesma mas de alguma maneira, interliga-se".

Seni.